Dom José
Adelino Dantas (São Vicente, 17
de março de 1910 - Carnaúba dos Dantas, 24 de março de 1983) foi um bispo católico brasileiro.
Historiador, pesquisador, jornalista, professor, ensaísta, poeta e orador sacro
e era considerado um dos mais ilustres latinistas do Rio Grande do Norte.[1]
"O Rio Grande do Norte
pode se orgulhar de ter tido grandes e eminentes filhos. Entre eles, alinha-se,
nos primeiros lugares, Dom José Adelino Dantas. Grande como sacerdote do
Senhor, eminente como homem de cultura." Dom Heitor de
Araújo Sales
BIOGRAFIA
NASCIMENTO
Na antiga povoação de "Luiza", também
conhecida pelo nome de “Saco de Luíza”, no município de Flores (hoje Florânia),
atual cidade de São Vicente, no Seridó, nasceu José Adelino Dantas, no dia 17
de março de 1910, ás 11 horas da manhã. Filho de Antônio Adelino Dantas e
Jovelina de Oliveira Dantas, descendentes ambos dos Azevedos-Dantas, que se
fixaram nos sertões da Paraíba e Rio Grande do Norte, a partir do século XVIII.
Este casal gerou 16 filhos, dos quais se criaram 12. Foi batizado na Capela
de São Vicente 21/04/1910, pelo padre Antônio Brilhante de Alencar,
sendo os seus padrinhos Antônio Ernesto da Costa e Procília Sobrinha Pereira.
INFANCIA
E ADOLESCENCIA
No ano de 1915, seu pai faleceu
em consequência de uma queda de cavalo, então em 1918 sua mãe comprou um sítio
que tinha o nome de "Cabaço", no município de São Paulo do Potengi,
para onde se transferiu, com toda a sua numerosa família no decorrer do mesmo
ano.[2] Aprendeu as
primeiras letras em São Paulo do Potengi,
com seu irmão mais velho, Jacó Adelino e as professora Paulina e Alzira
Queiroz. Quando residia em São Paulo do Potengi, José Adelino (com o seu irmão
Pedro Adelino e o cunhado Ademar de Azevedo Maia), participou da “Filarmônica
22 de Setembro”, tocando pistom, com apenas 11 anos, em 1921. Concluiu naquela
cidade o curso primário, destacando-se como um dos melhores alunos. Mesmo sendo
o mais moço dos seus irmãos também participava dos trabalhos agrícolas do
sítio, inclusive, trazendo alguns produtos, que eram vendidos por ele, na feira
dominical da povoação. [2
Dom José Adelino Dantas teve os
seguintes irmãos: Jacó Adelino Dantas, Pedro Adelino de Alcântara Dantas,
Senhorinha de Azevedo Dantas, Tomazia Dantas da Silva, Cristina Dantas, Josina
de Azevedo Dantas, Isabel de Azevedo Dantas, Ana Dantas Medeiros, Julita Dantas
de Araújo, Maria Santa Rosa Dantas e Júlia de Azevedo Dantas.
SACERDÓCIO E VOCAÇÃO
CHAMADO E VOCAÇÃO
No mês de Fevereiro de 1925, São Paulo do
Potengi estava em festa. O padre Severino Ramalho congregava seus paroquianos
para receberem Dom José Pereira Alves, bispo de Nata, que
iria fazer uma visita pastoral. No meio de tantas pessoas, lá se encontrava
Dona Jovelina Dantas, acompanhada de seus 12 filhos, para receber a benção do
prelado, e Dona Jovelina apresentava um por um de seus filhos, até que chegou a
vez de José Adelino a quem o bispo perguntou se ela não mandaria ele para o
Seminário, a qual respondeu que não tinha condições financeiras de envia-lo,
ele com todo o seu afago paternal disse que se ele, José Adelino, o quisesse
arcaria com as despesas necessárias. E no dia seguinte, dando adeus á querida
terra, à sua mãe e aos seus irmãos partiu assim o pequeno José com destino ao
Seminário de São Pedro em Natal.
SEMINARIO
SÃO PEDRO
v Matriculou-se no Seminário de São Pedro, em Natal, a 5 de fevereiro de 1925, trazido para o Seminário pelo Senhor Bispo Dom José Pereira Alves, terceiro Bispo de Natal. No ano seguinte, 1926, tendo-se fechado o Seminário de Natal todos os alunos foram cursar o Seminário da Paraíba e no meio dos alunos, estava o seminarista José Adelino. Reaberto o Seminário de Natal em 1927, todos voltaram da Paraíba. Findo os estudos em Natal, o Senhor Bispo Dom Marcolino Dantas, conferiu a Tonsura Clerical a José Adelino Dantas, na Catedral a 19 de julho de 1931. As ordens menores do Ostiário e Leitor, a 11 de junho de 1933, na Capela do Seminário; as outras duas ordens menores – de Exorcista e Acólito, na Capela Episcopal, a 18 de fevereiro de 1934. Ainda no ano de 1934, foram-lhe conferidas as ordens: do Subdiaconato, a 28 de outubro e a ordem do Diaconato, a 1º de novembro, ambas na Capela do Seminário de São Pedro.
ORDENAÇÃO SACERDOTAL
O Presbiterato, ou Ordenação
Sacerdotal, teve lugar a 18 de novembro, ainda no ano de 1934, na Capela
Santuário do Tirol, de Nossa Senhora das Graças – Santa Teresinha (atual Matriz
do Tirol). Foi companheiro de ordenação, em todas as Ordens – o Cônego Jorge
O’Grady de Paiva, residente no Rio. O Padre José Adelino Dantas, celebrou a sua
primeira Missa com solenidade, a
21 de novembro, na Capela de São José, de Carnaúba dos Dantas, então Vila
do Acari, atual cidade – município. A
segunda Missa Solene foi na Capela
de São Vicente, sua terra natal; e a terceira missa solene, foi na Capela de
São Paulo do Potengi, atual paróquia. Na data de sua ordenação sacerdotal, o
Padre José Adelino, residia com sua família, em São Paulo do Potengi.
NOMEAÇÕES
SACERDOATAIS
A sua primeira nomeação, foi ainda em 1934, a
28 de novembro para vigário, em Santo Antônio do Salto da Onça, tomando posse
do cargo a 8 de dezembro, dia da festa da padroeira local. A 19 de março de
1935, foi transferido para Natal, sendo investido no cargo de Reitor do Seminário de São Pedro, como sucessor de Monsenhor Walfredo Gurgel. Sua posse na Reitoria do Seminário a 25 do mesmo, 1935,
março. A 20 de janeiro de 1941, foi agraciado com o título de “Cônego”, honorário do Cabido da Catedral de Belém
do Pará, título conferido pelo Arcebispo Dom
Antonio de Almeida Lustosa, a pedido de Dom Marcolino
NOMEAÇÃO
DA SANTA FÉ
Em junho de 1951, recebeu o
título honorário de “Monsenhor”, camareiro do
Santo Padre Pio XII. Vaga a Diocese
de Caicó, foi em junho de 1952, Mons. José Adelino,
nomeado pelo Papa Pio XII, Bispo Diocesano da Diocese referida acima, como
sucessor do Bispo Dom José Delgado, transferido para o Maranhão. A sua Sagração ou Ordenação Episcopal foi a 14 de setembro de
1952, em frente a Catedral de Nossa Senhora da Apresentação. Foi sagrante o Arcebispo de Natal, Dom Marcolino Dantas
e consagrantes os Bispos Dom Aureliano Matos, Diocesano de Limoeiro, no Ceará,
e Dom Eliseu Mendes, na época, Bispo Auxiliar de Fortaleza. A sua posse na
Diocese Seridoense foi a 20 do mesmo mês e ano.
Em 1957, foi transferido para
a Diocese
de Garanhuns em Pernambuco, vaga pela morte do Bispo Dom Francisco
Expedito Lopes. Foi Dom Adelino, o 5º Bispo de
Garanhuns. Em 1967, foi novamente transferido da Diocese de Garanhuns, para a
de Rui Barbosa, na Bahia. Em 1975, por
motivo de saúde o Santo Padre Paulo VI,
concedeu a Dom José Adelino, a renúncia do governo episcopal da diocese baiana,
de Rui Barbosa; livre do governo diocesano, veio para o Rio Grande do Norte,
localizando-se na cidade de Carnaúba dos Dantas, onde fez residência e
prestando ajuda ao vigário do Acari, em cuja jurisdição pertencia, na época,
Carnaúba e circunscrita na Diocese de Caicó.
"Pelas sementes
evangélicas que Dom José Adelino, em nome de Cristo, espalhou por toda parte
onde andou e por todo o bem, por ele, cultivado e amalgamado na fé, no amor e
na esperança, agradeçamos ao Bom Deus! Que os frutos das sementes lançadas por
Dom Adelino brotem e neles Deus seja glorificado!" Dom Frei
Manoel Delson Pedreira da Cruz
ÚLTIMOS DIAS DE VIDA
Em 1975, depois da renúncia ao
governo episcopal autorizada pelo Papa Paulo VI, voltou ao Rio Grande do Norte,
passando a residir na cidade de Carnaúba dos Dantas-RN e a exercer o magistério
no Campus da UFRN em Caicó-RN. Os últimos anos de sua vida residiu na Casa
Paroquial, da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ao pé do Monte do
Galo, onde ajudou a divulgar a grande obra dos mestres Tonheca Dantas e Felinto
Lúcio Dantas, este último seu amigo pessoal, com quem conversava com frequência
sobre música, sertão, genealogia e história; nas horas de lazer o Dom Adelino
se deleitava ouvindo músicas do maestro Felinto Lúcio Dantas
Com saúde fragilizada, Dom
Adelino, entre idas e vindas a Natal para tratamento médico, foi acometido de
uma trombose cerebral no dia 26 de fevereiro de 1983. Estava em Carnaúba dos
Dantas. Logo foi transferido para Natal, mas, no dia 24 de março, foi levado
para o horizonte que a fé nos faz enxergar. Foi deixando lições de coragem,
caridade, reverência às coisas sagradas, amor à terra e a tradição seridoense.
É líder que não pode ser esquecido. Merece ser lembrado e copiado.
"O Seridó que a
gente ama deve muito a Igreja Católica pelas iniciativas, obras e
personalidades que nos ajudaram a chegar até aqui. Dos líderes que nos
conduziram, os Bispos Diocesanos se destacaram cada um a seu modo, com marcas
espalhadas em nossa história. Dos sete Bispos de Caicó, o único a nascer no chão
do Seridó foi Dom José Adelino Dantas, apesar de outros terem laços familiares
na região." Fernando Antônio Bezerra
OBRAS
Publicou três livros: “Formação
do Seminarista”, em 1947; “Homens e Fatos do Seridó Antigo”, em 1962; e “O
Coronel de Milícias Caetano Dantas Correia – Um Inventário Revelando um
Homem". Estava tentando reeditar “Homens e Fatos do Seridó Antigo”
bastante ampliado, fruto de novas pesquisas mas veio a falecer antes de
concluir.
Dom José era Membro
da Academia Norte-Riograndense de Letras e do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e dominava com facilidade o
latim, italiano, francês e o grego.[7]
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